qua, 15 de janeiro de 2025

Em reconstituição do crime, síndico que agrediu advogado em Rio Preto alega legítima defesa

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Advogados da família de Celso Wanzo, morto após ser atingido por um soco no rosto, contestam a versão de Emerson Fiamenghi e defendem que autor da agressão seja julgado por homicídio qualificado

Com a participação do síndico Emerson Ricardo Fiamenghi, de 44 anos, a Polícia Civil realizou na manhã desta quarta-feira, 16, a reconstituição da morte do advogado Celso Wanzo, 58 anos, em frente a um prédio residencial na avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira, em Rio Preto. Celso morreu após ser atingido por um soco no rosto, dado por Emerson.

Após levar o soco, o advogado perdeu a consciência e caiu no chão. Ele chegou a ser levado pela mulher ao Hospital de Base, onde recebeu atendimento emergencial, mas morreu em decorrência do ferimento.

Durante a reconstituição, Emerson mostrou o local exato onde desferiu o soco no rosto de Celso, que caiu em um gramado próximo à pista de caminhada da avenida, fora do condomínio. O síndico admite que chamou o advogado para brigar, mas alega legítima defesa porque achou que Celso iria agredi-lo e decidiu agir primeiro. A família da vítima contesta essa versão.

“Ele diz que acabou agredindo porque achou que seria agredido. Mas essa versão nós precisamos corroborar com outras provas, outras versões para sabermos qual a esteira correta das investigações”, disse o delegado João Lafayete Sanches Fernandes, que investiga o caso.

Segundo o delegado, o médico legista adiantou que Celso morreu em decorrência do trauma provocado pelo soco no rosto e também do ferimento ao bater a cabeça na queda. “Houve um conjunto de fatos”, disse Lafayete, que aguarda o laudo oficial da necrópsia.

Durante a reconstituição do crime, foi destacado um policial para representar Celso, para saber qual era seu posicionamento no momento do crime. O objetivo é checar, no local, se o crime ocorreu da forma como foi descrito pelas testemunhas.

Tudo foi registrado por peritos criminais, por meio de fotografias e medições. Com base nesse material, será produzido um laudo para apontar como ocorreu o crime, o que deve ajudar o delegado do caso a concluir o inquérito em até dez dias.

O caso é investigado como lesão corporal dolosa, de natureza grave, seguida de morte. “E tem uma outra tese de que, com a violência desse soco, ele deveria supor que poderia levar a pessoa à morte. Então, seria um risco que ele estaria aceitando. Pode ser que ele não desejasse a morte, mas assumiu o risco. Então, estamos trabalhando também com a hipótese do dolo eventual”, completou o delegado.

Além disso, Lafayete aguarda o Instituto Médico Legal (IML) de Rio Preto enviar o laudo de necrópsia para saber o que os peritos apontaram como causa da morte do advogado.

Para evitar tumulto e garantir espaço para o trabalho dos peritos, trecho da avenida JK teve o trânsito de veículos parcialmente interditado.

Futebol potencializou problema que já existia, diz delegado

Segundo o delegado que investiga o caso, a discussão diante da derrota do Palmeiras para o Chelsea no Mundial de Clubes — já que Celso era palmeirense e Emerson é corinthiano — potencializou um problema que já existia entre os dois.

“Eles já estavam com problema no condomínio e o futebol acabou potencializando e houve esse fato lamentável”, afirma Lafayete. A família de Celso já havia afirmado à reportagem que as desavenças entre os dois datavam de aproximadamente dois anos.

Advogado da família de Celso diz que Emerson mentiu

Advogado da família de Celso, Mário Guioto Filho disse que houve “mentira” por parte do réu quando Emerson diz que a vítima fez menção de agredi-lo. “O doutor Celso chegou e já levou o soco. É uma situação triste. Perdemos um colega fantástico por causa de uma estupidez e, a meu sentir, uma sanha de vingança e assassina por parte do réu”, disse o advogado.

Mário defende a tese de que houve homicídio qualificado. “Ele chamou, deliberadamente, o doutor Celso, que desceu e foi agredido com um soco potentíssimo, que perfurou o cérebro da vítima, provocando a morte quase que instantânea. Entrou em convulsão, teve morte cerebral e morreu de madrugada”, afirmou.

O defensor da família disse ainda que vai pedir uma perícia no equipamento das câmeras de segurança do prédio, que não registraram o momento da agressão. “Isso tudo é suspeito. Eu entendo que é uma obstrução da Justiça e um acobertamento de provas”, completou.

Marco Antonio dos Santos e Gabriel Vital – diarioweb.com.br