Acontecimento raro emocionou a família e profissionais que acompanhavam o parto no Hospital da Criança e Maternidade de Rio Preto
Considerado raro no mundo da obstetrícia, o parto empelicado, quando a bolsa não se rompe, pode ocorrer em uma proporção de um para 80 mil. E esse momento especial aconteceu em dose dupla na segunda-feira, 30, no Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de Rio Preto. Jéssyka Braz Batista Santana Cambiaghi, 30 anos, estava grávida de trigêmeos e dois deles nasceram empelicados.
Ela conta que os irmãozinhos de Felipe, 3 anos, vieram ao mundo de uma forma muito especial. Com 33 semanas e 4 dias de gestação, Matteu nasceu primeiro, com 1,562 kg e 38 centímetros, depois foi a vez de Luca, com 1,964 kg e 45 centímetros, que nasceu empelicado, e logo em seguida Pietro, com 1,700 kg e 41 centímetros que também estava empelicado.
Jéssyka conta que a surpresa e a felicidade tomaram conta de todos que acompanhavam o parto. “Na hora é um pouco estranho, mas eu senti que todo mundo em volta ficou surpreso, feliz, porque é difícil não estourar a bolsa, ainda em um parto de trigêmeos e dois empelicados. Foi contagiante, as pessoas foram passando essa alegria uma para outra. Todo mundo ficou muito feliz”.
A mãe e os três meninos estão bem. Eles precisaram ficar internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para ganho de peso, mas não tiveram nenhuma complicação. Pietro, o último a nascer, não precisou de nenhuma ajuda mecânica e já está em outro espaço. Luca e Matteu precisaram do respirador mecânico.
A felicidade da família começou meses atrás, na descoberta de que eram trigêmeos. A mãe conta que ela e o marido, Fernando Fabiam Cambiaghi, 32 anos, descobriram a gravidez em um domingo e, na quarta-feira, ela foi a uma médica. No exame de ultrassom, Jéssyka percebeu que havia dois bebês. Então, entendeu que seriam gêmeos. Mas a surpresa foi ainda maior e fez uma ligação de vídeo para o marido quando o terceiro bebê foi descoberto.
A previsão de alta para Jéssika é neste sábado, 4.
O parto foi acompanhado por duas médicas obstetras, Priscila Lima Auricchio Yamamoto e Roberta Herrera. Priscila explica que recebe o bebê empelicado vem ao mundo dentro do saco amniótico intacto. Ele tem mais chance de nascer empelicado em gestações múltiplas, como gemelares e trigemelares, por normalmente serem bebes menores.
A especialista afirma que o parto empelicado pode ocorrer tanto no parto cesárea como no parto normal, mas na cesárea é mais comum. “Enquanto o bebê está dentro do saco amniótico, continua recebendo todos os nutrientes e oxigênio através do cordão umbilical, não existindo qualquer risco para a sua sobrevivência. No entanto, ele precisa ser retirado da bolsa para que o médico possa avaliar se está saudável. Todo parto é um momento único e especial que deve ser realizado em um ambiente que proporciona tranquilidade, carinho, dedicação e respeito para mamãe”, afirma.
Segundo Priscila, “apesar de não ser comum, essa é uma cena interessante de ser presenciada, pois é possível acompanhar do lado de fora o que acontece no útero da mãe, já que é a bolsa amniótica que protege o bebê durante toda a gestação”.
Luna Kfouri – diarioweb.com.br
