Em meio à devastação das queimadas, fotógrafo registra macacos se alimentando de frutas: ‘Lutar pela sobrevivência’

José Alaor Gomes, de 48 anos, tem levado cascas e frutas para os animais que foram atingidos pela estiagem e pelos incêndios que destruíram as áreas de mata, em Novais SP.

Em meio à devastação causada pelas queimadas, um fotógrafo tem se dedicado a alimentar animais silvestres e registrar os momentos como forma de conscientização em Novais, interior de São Paulo.

Ao g1, o ambientalista e comerciante José Alaor Gomes, de 48 anos, contou que, desde o dia 23 de agosto, tem levado cascas e frutas para os animais, principalmente macacos, micos e saguis, que foram atingidos pela estiagem e pelos incêndios que destruíram as áreas de mata na cidade. “Eu vi que tinha que ser feito alguma coisa, eles não tinham para onde ir, uma vez que todas as reservas de matas às margens do Rio da Onça queimaram. Foram vários dias que tivemos que apagar o fogo, que queimou mais de 90% do local”, lamenta o fotógrafo.

Segundo ele, ao visitar os locais com frequência, percebeu que os animais estavam procurando por alimento, inclusive migrando para áreas urbanas. Com uma câmera na mão e comida na outra, José começou a documentar os momentos e a luta pela sobrevivência. “Nenhum animal merece morrer nessa situação. Todos deveriam ter a chance de lutar pela sobrevivência e é muito triste presenciar cenas como essa”, reflete José.

José, então, decidiu compartilhar as fotografias nas redes sociais para poder conscientizar a população das consequências dos incêndios, incentivando a proteção dos habitats e florestas. Conforme o voluntário, para saber os alimentos adequados para cada uma das espécies, consultou zoológicos.

Mas, afinal, os animais silvestres podem ser alimentados por pessoas? Entrevistada pela reportagem, a bióloga Camila Piovani, de 35 anos, explicou que é recomendado que aquelas sem experiência não devem tocar nos animais afetados, pois, apesar de estarem debilitados, são selvagens e podem oferecer riscos.

Contudo, órgãos ambientais podem ser consultados para que possam prestar socorro de maneira adequada, assim como feito por José, e direcionar o animal para um centro de reabilitação e resgate da fauna.

No entanto, de acordo com Camila, muitas vezes, as entidades não conseguem atender o número elevado de bichos que precisam de ajuda. Durante as queimadas, os animais têm grande dificuldade de encontrar alimento, pois a vegetação foi destruída e algumas espécies, que servem de alimento, não resistiram ao fogo.

Por isso, fazer a doação de alimentos como frutas, legumes e verduras para entidades que estão na linha de frente do combate às queimadas é uma opção, pois são as instituições que conhecem a dieta dos animais locais. “A medida que está sendo utilizada por alguns moradores de áreas afetadas é oferecer água e alimentos para eles. Em casos quando a única esperança das vítimas é ajuda direta dos moradores, é importante que os alimentos oferecidos sejam naturais”, finaliza Camila.

Login

Bem vindo! Faça login na sua conta

Lembre de mimPerdeu sua senha?

Lost Password