Na terça (14/06), o Governador João Doria divulgou que o estado de São Paulo vai antecipar o calendário de vacinação de toda população adulta até 15 de setembro. A pandemia que começou em março de 2020 parece estar chegando ao fim, mas isso não significado que tudo já voltou como era antes. Descisões que foram tomadas nesses últimos meses, terão resultados nos próximos anos, nas próximas décadas.
Todavia, há resultados da crise e do isolamento social que são logo sentidos, e um deles, soma para desigualdade e para o desequilíbrio de gênero: essa crise sanitária, economica… têm afeto mais as mulheres. Mulheres foram as que mais perderam espaço no mercado de trabalho durante a pandemia.
Um relatório americano, produzido pelo Leanln.Org, em parceria com a consultoria empresarial McKinsey, relevou que nos Estados Unidos, entre Janeiro de 2015 e Janeiro de 2020, a representação da mulher em cargos de vice-presidente sênior havia crescido de 23% para 28%, e a representação na diretoria havia crescido de 17% para 21%. O número de participação da mulher em cargos que anteriormente eram ocupados apenas por homens, estava crescendo ano após ano.
O relatório revelou que elas são maioria no mercado mais afetado pela crise: o de serviços. O relatório vai além, e revela que, uma em cada quatro mulheres pensa em mudar de carreira ou deixar o mercado de trabalho. O que era impensável antes da pandemia.
Levando em consideração à realidade americana e a brasileira, por aqui o cenário não é muito diferente, pelo contrário, apresenta-se até mais grave.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em razão da pandemia e do isolamento social, 897.2 mil trabalhadores perderam o emprego entre março e setembro de 2020, sendo 588.5 mil mulheres, ou seja, as mulheres são 65,6% dos demitidos no Brasil.
Uma pesquisa produzida pela equipe do neuropsicólogo Dr. Antônio de Pádua Serafim, do IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP), entrevistou pessoas em todos os estados brasileiros e no distrito federal. A pesquisa revelou que, os mais afetados emocionamente pela pandemia e pelo isolamento social foram as mulheres, 40% delas apresenta sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse. A pesquisa revelou também que grande parte destas mulheres apresentaram esses sintomados por terem sido demitidas de seus empregos durante a pandemia. A pesquisa foi publicada dia 3 de fevereiro na Plos One sob o título Exploratory study on the psychological impacto f covid-19 on the general Brazilian population.
Esses dados são preocupantes, essa é uma consequência silenciosa. Esses dados revelam um retrocesso social; um retrocesso no mercado de trabalho, e uma situação de agravamento da saúde pública da mulher brasileira.
Toda essa pressão profissional que a mulher tem enfrentado neste período de pandemia, encontra um fator agravante: a dupla jornada de trabalho. Quem é a que primeira se sacrificar pela família: é a mulher. É ela quem cuida da casa, quem cuida dos filhos, dos cachorros e quem ainda encontra tempo para trabalhar fora. Com a pandemia, escolas e creches fechadas, empresas fechadas e outras se adaptando a uma nova realidade: o home office. São as mulheres quem estão carregando o fardo pesado desta pandemia e deste isolamento social.
A sociedade não pode se deixar retroceder! As empresas como um todo, têm apresentado nas últimas décadas significativas mudanças com à presença marcante de mulheres no mercado de trabalho, principalmente em cargos que antes eram ocupados por homens, pelo simples fato de ser homens.
Grandes empresas estão dando sinais de que notaram isso, e como visionárias e líderes de mercado que são, estão sinalizando investimentos significativos que visam construir um local de trabalho mais flexível e empático, retendo as funcionárias mais afetadas pela crise e pelo isolamento social, criando um ambiente em que tenham oportunidades iguais. Esses investimentos visam anemisar os efeitos negativos da crise e do isolamento, e aumentar à presença da mulher no mercado de trabalho. Com isso, é esperado que empresas menores acompanhem este movimento, já que são as micro e pequenas empresas que mais empregram no Brasil.
A vacina aponta para uma luz no fim do túnel. As palavras de ordem agora são retomada e resiliência. Quando se fala em capacidade de lidar com problemas, adaptar-se as mudanças, superar obstáculos e resistir à pressão de situações adversas, às mulheres são insuperáveis!
Diego Honorato Canjo, OAB SP nº 406.331
Advogado Especializado em Direito Civil e Empresarial
No Instagram: @diegohonoratocanjo