Modelo, que completa 65 anos de criação no Brasil, é sinônimo de afeto e boas lembranças para dois colecionadores, um de Fernandópolis (SP) e o outro de São José do Rio Preto (SP).
Compactos, redondinhos e coloridos. Quem é que não tem alguma lembrança afetiva com um Fusca? O modelo, lançado no Brasil em 3 de janeiro de 1959, completa 65 anos de criação, mas até hoje mobiliza fãs e admiradores. Dois colecionadores de Fernandópolis (SP) e São José do Rio Preto (SP) descobriram a paixão pelo carro por influência dos pais.
O Dia Nacional do Fusca, data que faz referência ao legado do modelo, foi celebrado em 20 de janeiro.
O empresário Pedro Félix, diretor de Cultura e Turismo em Fernandópolis, teve o primeiro contato com o Fusca ainda na infância. Afinal, seu pai tinha o veículo na cor azul diamante, modelo do ano de 1970.
“Depois que meu filho Bento nasceu, em 2018, eu decidi que ia comprar um igual e comecei a procurar. Foi quando achei uma pessoa em Icém (SP) com um igual. Na época, eu paguei R$ 8 mil“, lembra.
Desde então, Pedro tenta passar os valores simbólicos do Fusca ao filho, que atualmente tem seis anos e já sabe tudo sobre o carro. Juntos, os dois ressignificaram e criaram novas memórias e experiências com o modelo.
“Com cincos anos de idade, ele já começou a ver fotos na internet. Ele chegou para mim um dia e disse que queria que o Fusca ficasse igual ao de uma foto que ele viu – “tunado” – e eu gosto de carro customizado, modificado”, conta Pedro.
O filho de Pedro é muito fã da série de filmes “Velozes e Furiosos” e, sempre que anda no carro, a trilha sonora tem que ser a mesma dos longas.
“O carro é a felicidade dele. Ele faz com que o Fusca seja o meu carro do dia a dia. Então, esse carro está presente na minha vida, na dele e na da minha esposa desde o dia em que ele nasceu”, completa Félix.
Pedro conta que já recebeu diversas propostas para vender o Fusca, mas isso está longe de se tornar realidade justamente por conta da história e do símbolo que o automóvel representa para ele e o filho.
“Eu investi mais de R$ 20 mil nele. Já aconteceu de pessoas me pararem enquanto eu estava abastecendo em posto de combustíveis e me oferecerem R$ 30 mil, mas eu não aceito a proposta. Ele [o Fusca] não está à venda. Eu quero deixar para o meu filho, para, quando ele completar 18 anos e tirar carta, o carro ser dele. Se ele vai manter essa tradição, aí é com ele.”
Seja nas vivências do dia a dia ou durante a manutenção do carro, quando Pedro dá uma chave de fenda para o filho, momentos simples se tornam especiais. “O Fusca e os carros antigos te proporcionam isso: amizades, passeios e encontros”, explica Féllix.
História e conexão
O músico e professor de história Rinaldo de Souza, de 47 anos, natural de Rio Preto, comprou o primeiro Fusca em 2008. Depois disso, teve outros dois veículos do modelo, todos de cores diferentes.
“Eu comprei o primeiro branco, era um modelo de 1985. Depois comprei um igual ao que meu pai teve, bege “jamaica”. Em 2018, comprei o meu terceiro Fusca, que é uma herança do meu tio. É um modelo de 1971, na cor azul diamante”, conta.
O amor de Rinaldo pelo Fusca também surgiu na infância, quando o pai dele comprou um igualzinho ao que o músico comprou em 2008. Ele lembra que, aos quatro anos de idade, passeava no automóvel, e as lembranças se tornaram inesquecíveis.
Fuscas que o Rinaldo, professor de história e músico profissional de Rio Preto (SP) tem — Foto: Arquivo pessoal
“Era um carro monocromático. Eu tinha quatro anos, e meu pai ficou pouco tempo com o carro. Meu tio também tinha um Fusca e, às vezes, eu andava com ele. A paixão só aumentou, e eu, como um professor de história, me aprofundei mais nesse passado do carro, que já existia durante a Segunda Guerra Mundial. Foi algo que só cresceu em mim“, conta.
O professor diz se sentir orgulhoso ao conduzir o veículo e fala sobre a admiração de grande parte das pessoas quando o veem sair com o carro.
“Grande parte dessa admiração vem das crianças e dos idosos, que querem tirar fotos, mas eu só saio com ele em dias em que não faz sol ou chuva. Tenho um cuidado muito grande”, conta. G1