qua, 15 de janeiro de 2025

Coronavírus: uso de máscara de tecido não é indicado, diz infectologista

mascara-cirurgica-decorada

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) diz que elas não devem ser usadas sob nenhuma circunstância.

Na Croácia, o estilista Zoran Aragovic transformou as máscaras em acessórios de moda, estampando as peças com imagens de pop art ou quadrinhos – ele tinha preocupação com a falta do item de segurança e, para desanuviar um pouco o medo da pandemia, resolveu transformá-la em um item fashion.

Em terras brasileiras a descontração ainda não chegou a tanto, mas várias costureiras estão confeccionando máscaras para doação – o problema é que muitas delas estão sendo feitas em tecido comum e sem seguir as regras. Apesar de ser uma boa ação, a confecção de máscara de tecido simples não ajuda a proteger contra o coronavírus. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) diz que elas não devem ser usadas sob nenhuma circunstância.

“Por não ter um filtro adequado, não há evidências de que essas máscaras protejam contra o vírus”, afirma o infectologista Samuel Noah Scamardi, da Santa Casa de São José do Rio Preto/SP.

As máscaras são equipamentos de proteção destinados a quem está com sintomas de doença respiratória, a profissionais de saúde ou a quem está cuidando de pacientes doentes. O item não deve ser reutilizado e deve ser descartado após o uso, não podendo ser lavado.

A máscara de tecido comum também não é indicada para aqueles que não têm sintomas nem são cuidadores. “Quem não está acostumado a usar máscara acaba levando a mão mais vezes ao rosto para ajustar, aumentando o risco de contaminação, e o principal modo de contaminação é pelas mãos contaminadas”, afirma o médico.

Dificuldade para adquirir

Segundo Valdir Furlan, administrador da Santa Casa de Rio Preto, está difícil encontrar equipamentos de proteção individual para comprar. “Quando acha, está cobrando dez, 12, 15 vezes mais caro que há um mês”, afirma. A expectativa é que a Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo consiga colaborar com a doação de algumas. “Me mandaram WhatsApp perguntando se estava precisando e eu pedi 20 mil. Não consegue no mercado. Uma caixa que a gente estava pagando R$ 4,50 está R$ 180 e não está achando. Quando acha compra e paga. Máscara N95, para procedimentos invasivos, era R$ 39. Pagamos R$ 150”. São consumidas pelo menos mil itens a cada dois dias.

Jorge Fares, diretor-executivo do Hospital de Base, diz que está conseguindo realizar as compras. Algumas costureiras estão fazendo a confecção das máscaras com material próprio, seguindo as recomendações devidas. O preço da N95 subiu e ainda existe, mas há preocupação com a falta desse item. Segundo o secretário de Saúde, Aldenis Borim, há álcool em gel nas unidades para os próximos três a quatro meses, que é o tempo previsto para durar a crise do coronavírus. Ele diz que uma empresa se prontificou a produzir e doar de 2 a 3 mil máscaras, que era uma questão que estava preocupando bastante, por dia. “Estamos no limite do nosso estoque.”

Presos

O governo do Estado de São Paulo anunciou que detentos do sistema prisional do Estado vão auxiliar nas ações de prevenção ao novo coronavírus. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) adquiriu insumos para produção de 320 mil máscaras descartáveis de proteção. A confecção teve início nesta terça, 24.

A previsão é que sejam produzidas 26 mil peças por dia nas fábricas adaptadas especialmente para a produção das máscaras. Cerca de 200 reeducandos de várias regiões do Estado, de penitenciárias masculinas e femininas, vão confeccionar as máscaras.

FONTE: Informações | diariodaregiao.com.br / Millena Grigoleti