qui, 16 de janeiro de 2025

Cidades da região de Rio Preto constroem ninhos artificiais para ajudar a reprodução das araras

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Secretarias de Meio Ambiente de cidades da região mantêm projetos para construção de ninhos artificiais, que colaboram com a reprodução das araras-canindé

Em tempos de alterações climáticas, queimadas e degradação do meio ambiente, algumas cidades da região de Rio Preto se esforçam para manter projetos de preservação de fauna e flora. Em especial, ações que preservam a arara-canindé. Em Fernandópolis, o projeto “Cidade dos Pássaros” foi iniciado em 2017, após uma palmeira imperial, na praça central da cidade, ter sido atingida por um raio. Foi quando as araras começaram a tentar fazer um ninho no local. A partir daí, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente resolveu adaptar o tronco, montando um ninho artificial para as aves. “A iniciativa do projeto ‘Cidade dos Pássaros’ tem como objetivo fornecer locais ideais para procriação das aves, preservando a fauna e a flora da região”, afirma Paulo Boaventura, secretário municipal de Comunicação de Fernandópolis.

Atualmente a cidade conta com 20 ninhos em áreas públicas adaptados em palmeiras, que já estão mortas, com covas de aproximadamente 80 centímetros para garantir, principalmente, a segurança do filhote. Também são vinte ninhos artificiais, feitos com estrutura de madeira e distribuídos em diferentes áreas públicas da cidade. Além disso, também são construídos ninhos em propriedades privadas, quando o morador solicita a implantação do serviço. De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, no total, já são mais de 60 ninhos.

“Os ninhos, produzidos pela equipe ‘Cidade dos Pássaros’, recebem monitoramento voluntário e constante da equipe do Meio Ambiente. Passados quatro anos e meio de sua implantação, o projeto chegou a vários bairros da cidade, e hoje os moradores e visitantes já começam a observar um aumento significativo de pássaros sobrevoando a cidade, em especial, uma grande presença das araras-canindé, aqui em Fernandópolis”, revela Boaventura.

De acordo com Arif Cais, biólogo e professor voluntário do Ibilce, a ideia de criar os ninhos artificiais surgiu na Universidade Federal de Campo Grande, no Pantanal. “Uma docente que estuda araras teve a ideia de fazer os ninhos artificias e obteve grande sucesso. Isso porque as araras vivem em tocos de árvores e precisam de um ambiente fechado. E as caixas de madeira favoreceram a reprodução da espécie”, explica o biólogo. O professor conta também que aqui na região muitos proprietários rurais promovem este tipo de proteção às araras. “Os ninhos artificiais funcionam como um ótimo artifício para a preservação da espécie e da natureza. Algo importante, pois devido aos incêndios e aos desmatamentos, a preservação ambiental está cada vez mais difícil”, diz Arif Cais.

Segundo ele, a construção dos ninhos artificiais é um procedimento simples. “Geralmente, o pesquisador utiliza-se de uma corda, com a qual ele consiga elevar e abaixar o ninho, para acompanhar desova, maturação, nascimento, crescimento e o tipo de alimentação. Agora, quando se faz o ninho para preservar, é bom colocá-los fixos no alto de uma árvore ou construção”, comenta.

Arara-canindé (Ara ararauna)

Características: Mede cerca de 80 cm. Grande e de cauda longa. Coloração azul no dorso e amarelo-dourado na parte desde a face, ventre até o rabo, garganta com linha negra e área nua na cabeça com linha de penas negras. Vivem em casais ou grupos de três indivíduos, mas podem formar grupos maiores, de até 30 indivíduos.

Distribuição Geográfica: Desde a Amazônia até o Paraná, sendo que, historicamente chegava até Santa Catarina. Encontrada também no leste do Panamá e norte da Colômbia, Venezuela, Guianas, Peru, Bolívia, até o norte da Argentina, Paraguai e no oeste do Equador.

Habitat: É localmente comum na copa de florestas de galeria, várzeas com palmeiras (buritizais, babaçuais, etc.), interior e bordas de florestas altas, a cerca de 500 m de altitude.

Alimentação: Sementes, frutas e nozes.

Reprodução: Nidificam entre dezembro e maio em buracos no tronco de grandes palmeiras mortas, entre 10 e 25 metros de altura, pondo 2 ovos, que são incubados por 24-26 dias.

Expectativa de Vida em Cativeiro: Aproximadamente 50 a 80 anos.

Status de Conservação (MMA): Pouco preocupante.

Curiosidades: Em geral são animais monogâmicos, sendo encontradas vivendo em pares, voando juntas quase encostando as asas. Se comunicam de forma complexa por meio de vocalizações barulhentas.

Ameaças: Suas principais ameaças são a caça e tráfico ilegal e a fragmentação e a destruição de habitat.

Fontes: WikiAves e Ornitologia Brasileira

Proteção também para as palmeiras

As palmeiras de Jales também receberam ninhos artificiais neste segundo semestre de 2021. Com a intenção de proteger a fauna e a flora na cidade, foram instalados os ninhos para abrigar aves da espécie arara-canindé em diversas palmeiras espalhadas pelas principais avenidas do município.

De acordo com Sandra Gigante, secretária de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Meio Ambiente, a iniciativa surgiu depois de perceberem que as araras ficavam procurando locais para se abrigar, criando ninhos dentro das palmeiras existentes. Segundo ela, a ação busca minimizar os impactos ambientais causados pelas atividades humanas em decorrência do desenvolvimento e industrialização da cidade. “Essa ação força diversos animais a buscarem abrigo e alimento dentro da cidade e com isso a área urbana acaba se tornando um elo muito importante no desenvolvimento e na reprodução desses animais. Com isso, fazendo a instalação de ninhos artificiais em diversos pontos do município, as araras terão a opção de se abrigarem, ainda mais nessa época que estão acasalando e se reproduzindo”, diz.

Foram instalados 10 ninhos artificiais em diversos pontos da cidade, como avenida João Amadeu, praça do Jardim Arapuã, em frente ao Hospital de Amor, praça Japonesa, praça anexa ao Terminal Rodoviário e em outros locais.

Reprodução protegida

Outra cidade da região que adotou os ninhos artificiais com a intenção de preservar a fauna e a flora foi a Estância Turística de Pereira Barreto. O Projeto Arara foi iniciado em 2019, identificando e catalogando os locais públicos, no perímetro urbano, onde eram encontrados ninhos de araras-canindé. Descobriu-se que casais de araras mantinham ninhos na Praia Municipal Pôr do Sol, na Praça da Bandeira Comendador Jorge Tanaka, no cemitério e ao longo das avenidas Jonas Alves de Mello e Benedito Jorge Coelho.

“Em abril e maio deste ano, instalamos ninhos artificiais nas avenidas Benedito Jorge Coelho e Jonas Alves de Mello, que receberam cinco ninhos, ao todo. Até este segundo semestre já instalamos dez ninhos. Fizemos esse trabalho com a intenção de preservar as araras e também as palmeiras imperiais. Já identificamos o nascimento de diversos filhotes “, diz Fernando Akira Yabuudi, diretor do departamento de Turismo de Pereira Barreto. Ele afirma que a prefeitura conta com o apoio de três voluntários que acompanham as araras e seus ninhos.

“A vantagem é que as araras se reproduzem nos ninhos, mais protegidas, conseguimos também proteger o meio ambiente”, explica o diretor, destacando que as aves são atrativo para os turistas, que podem observar essas aves livres na natureza. Para a produção dos ninhos artificiais, a Prefeitura Municipal investiu aproximadamente R$ 2 mil.

Com cerca de 83 centímetros e cores vivas de azul e amarelo, as araras-canindé também chamam a atenção em Santa Rita d’Oeste. E para preservá-las a cidade instalou seis ninhos em diversas palmeiras.

De acordo com a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, após notarem que as aves estavam danificando algumas palmeiras e coqueiros para tentar fazer seus ninhos, foram instalados os ninhos em pontos estratégicos da cidade. Com isso, as aves ganham também condições para que se reproduzam e voltem para a natureza. (MMM)

Michelle Monte Mor – DIARIOWEB.COM.BR