Novos dados divulgados no último dia 20 mostraram que a imunidade provocada pela vacina da chikungunya, desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica franco-austríaca Valneva, se sustenta após um ano da aplicação da dose única. Os resultados foram obtidos durante o ensaio clínico de fase 3 conduzido pelo Butantan com 750 adolescentes de 12 a 17 anos que vivem em áreas endêmicas da doença no Brasil. Ao final de 12 meses de acompanhamento, 98,3% dos jovens ainda produziam anticorpos contra o vírus.
Em setembro do ano passado, o Butantan publicou os primeiros resultados do estudo em adolescentes na The Lancet Infectious Diseases. No 28º dia após a vacinação, foi detectada produção de anticorpos em 100% dos voluntários com infecção prévia e 98,8% naqueles sem contato anterior com o vírus. Após seis meses, a proteção se manteve em 99,1% dos participantes.
A pesquisa vem sendo realizada desde 2022 e incluiu jovens que vivem em áreas endêmicas, ou seja, de grande circulação do vírus: São Paulo (SP), São José do Rio Preto (SP), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Laranjeiras (SE), Recife (PE), Manaus (AM), Campo Grande (MS) e Boa Vista (RR).
O efeito positivo em adolescentes corrobora os resultados do ensaio clínico de fase 3 em adultos feito nos Estados Unidos, que incluiu cerca de 4 mil voluntários de 18 a 65 anos. A imunogenicidade foi de 98,9% e se sustentou por pelo menos seis meses.
Os dados do estudo norte-americano baseiam o pedido encaminhado pela Valneva e Butantan à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em dezembro de 2023, para autorização de uso definitivo no Brasil do imunizante, primeiro do mundo contra a chikungunya. Ele já foi aprovado para utilização a partir dos 18 anos nos Estados Unidos, pela Food and Drug Administration (FDA), e na Europa, pela European Medicines Agency (EMA). Os dados da pesquisa nos brasileiros mais jovens deverão sustentar uma futura ampliação da faixa etária da solicitação feita à Anvisa – que prevê a aplicação do imunizante na população de 18 a 65 anos.
Tanto o estudo brasileiro como o norte-americano atestaram que a vacina da chikungunya é segura e bem tolerada entre adolescentes e adultos. Nenhum problema de segurança foi detectado pelo comitê independente e a maioria das reações adversas foi leve a moderada.