Cela improvisada contribuiu para fuga de presas do CRF de Rio Preto, diz sindicato

Uma das foragidas foi capturada no município de Álvares Machado

Um mês após a surpreendente fuga de cinco detentas do Centro de Ressocialização Feminino (CRF) de Rio Preto, apenas uma mulher foi recapturada pela Polícia Militar – estava a 300 quilômetros de distância da unidade prisional. Outras quatro permanecem foragidas. Imediatamente após o episódio, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) trocou a direção do presídio. O motivo, segundo o Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo, seria porque o grupo estava em uma cela improvisada ao lado da portaria, o que acabou facilitando a rendição das funcionárias e a evasão.

Das cinco mulheres que se rebelaram, apenas Larissa de Souza Feitosa, 25 anos, foi presa. Na estratégia de fuga traçada pelas detentas, foi ela quem simulou passar mal para que as agentes penitenciárias abrissem a cela, segundo consta no boletim de ocorrência. Larissa foi capturada três semanas após a fuga, no município de Álvares Machado. A reportagem apurou que uma denúncia anônima levou a Polícia Militar ao endereço onde ela estava escondida. A foragida, que responde a processo por tráfico de drogas, afirmou que não tinha nenhum familiar no município. Ela foi levada para a penitenciária feminina de Tupi Paulista.

Elisabete Soares de Moraes, 37, Flávia Joice Costa Figueira, 38, e Amanda Jenifer Arruda Silveira, 19, presas por tráfico de drogas, e Dara Camila Sanches Garcies Moraes, 25, presa por roubo, estão com mandados de prisão em aberto e são consideradas foragidas.

O presidente do Sifuspesp, Fábio Jabá, visitou o CRF após o episódio e verificou que uma cela foi improvisada ao lado da portaria, em uma antiga sala de atendimento, para abrigar presas provisórias com direito a cela especial por ter curso superior.

“Acabou virando cela de presas que cometeram falta disciplinar e iriam regredir do regime semiaberto para o regime fechado”, disse.

No dia 19 de outubro, dois dias antes da evasão, as cinco presas se rebelaram contra as regras da penitenciária. Dara foi flagrada sem uniforme e se recusou a assinar o termo de advertência. Elizabete, Flávia, Amanda e Larissa não quiseram retornar do pátio para a cela após o banho de sol.

Um procedimento disciplinar foi instaurado para investigar se as detentas infringiram as regras como parte do plano, ou seja, para serem transferidas do pavilhão para a cela improvisada.

Consta no boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil que, por volta das 20h daquela sexta-feira, 21 de outubro, uma agente penitenciária foi chamada por Elisabete para socorrer Larissa, que aparentava estar inconsciente. Quando a servidora se abaixou para verificar os sinais vitais da presa, foi agarrada pelo pescoço por Flávia, que estava armada com um caco de espelho. O grupo saiu da cela em direção à portaria e Flávia entrou em luta com outra agente, que sofreu um corte no braço.

Ainda segundo o registro policial, Dara correu para um armário, que estava destrancado, e onde são guardadas as facas utilizadas na cozinha. Com a arma branca, ela rendeu a terceira agente. O grupo pegou as chaves da portaria e dos veículos particulares dos funcionários e fugiu pulando o muro.

Uma detenta que não quis participar do plano foi encontrada na cela com as mãos e pés amarrados e a boca amordaçada.

Nas proximidades do presídio feminino, as detentas abandonaram os uniformes da SAP e desapareceram. Há suspeita de que um veículo facilitou a fuga do grupo.

Troca de direção

Sobre a cela improvisada, o Sifuspesp manifestou que se trata de irregularidade extremamente grave. “Qualquer violação do desenho de segurança da unidade enfraquece o prédio como um todo, facilitando fugas, introdução de ilícitos e expondo servidores a perigo de vida”, informou o sindicato.

Ana Lúcia Reis, diretora técnica do CRF, foi removida no cargo no dia 27 de outubro, segundo consta em publicação no Diário Oficia l. Ela foi transferida para Campinas.

A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP ) informou que a apuração sobre a fuga ainda não foi concluída. Sobre a troca da direção, disse que “faz parte da dinâmica administrativa e pode acontecer a qualquer momento”. Sem detalhar, completou que foram reforçados os procedimentos de segurança.

Em nota, a Polícia Militar informou que colabora na busca de pessoas foragidas realizando abordagens e por meio de denúncia anônima. “Além disso, por meio d o ser viço Detecta , veículos de pessoas procuradas pela Justiça (ou usados por elas) são cadastrados e monitorados nos radares inteligentes da PM”, completa. (JT)

Joseane Teixeira – diarioweb.com.br

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