Método pode ensinar muito em diferentes aspectos, no entanto, só deve ser executado com os pequenos que aceitam bem a presença de animais, respeitando todos os limites
O cão é considerado o melhor amigo do homem, mas também é um excelente aliado em terapias que visam melhorar o desenvolvimento de pessoas com deficiência.
Em São José do Rio Preto (SP), o adestrador de cachorros e equitador de equoterapia Reginaldo Almeida Júnior utiliza há seis anos a Intervenção Assistida por Animais (IAA) para ajudar alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).
De acordo com Reginaldo, os cães são, sem dúvida, os preferidos para os diversos tipos de terapia, exatamente por serem altamente sociáveis, fáceis de adestrar e aceitos pelas pessoas.
Contudo, ao contrário do que muita gente pensa, não basta apenas deixar o animal interagindo com os pacientes para que a intervenção seja efetiva. “O cão deve estar sempre acompanhado pelo adestrador, além do profissional responsável pela pessoa que está sendo tratada”, afirma.
A terapia pode ensinar muito em diferentes aspectos, no entanto, só deve ser executada com os pequenos que aceitam bem a presença de animais, respeitando todos os limites.
“A convivência das crianças excepcionais com os cães pode ajudar muito na questão da interação social, além de incentivar os pequenos a lidar com responsabilidades e influenciar a superação de seus limites”, explica o adestrador.
De acordo com Reginaldo, o simples fato de um cão andar ao lado de um pequeno excepcional já pode ajudá-lo a ter uma orientação melhor de direção, colaborando com a evolução da coordenação motora. O senso de responsabilidade e a sociabilidade são outros fatores igualmente beneficiados pela terapia com cães.
“O fato de a criança poder interagir com os cães facilita o entendimento de responsabilidade, pois é possível incentivá-los a realizar tarefas: dar comida e ter cuidados especiais com os animais, por exemplo”, diz.
Benefícios dos cães para crianças com Síndrome de Down
Se os animais já colaboram com a motivação, no caso dos excepcionais, a ajuda pode ser ainda maior, pois a convivência social e a coordenação motora das crianças portadoras de Síndrome de Down, podem evoluir bastante com as terapias que têm os cachorros como base.
Segundo Reginaldo, a superação de limites é outro fator importante e benéfico do método, já que, ao interagir com os cães, as crianças acabam se esforçando mais para acompanhá-los e realizar tarefas em conjunto, ações que, consequentemente, levam os portadores da síndrome a ultrapassar barreiras de uma maneira natural.
“É importante lembrar que, da mesma forma que os pequenos com fobia de animais não devem ser forçados a terapias desse tipo, todos os cachorros que forem trabalhar em projetos terapêuticos devem ser extremamente treinados e dóceis”, diz Reginaldo.
Quais raças são ideais para as intervenções?
Atualmente, não há restrição de raça e muito menos de espécie. Já se sabe de cães, gatos, cavalos, golfinhos, jabutis, peixes, coelhos e aves terapeutas.
Segundo Reginaldo, a escolha vai depender das necessidades e objetivos da terapia. Sem contar que o animal precisa gostar da atividade. Um animal de temperamento anti-social nunca ficará confortável nas sessões, provocando estresse e deixando de gerar o efeito terapêutico em quem precisa.
E se você está se perguntando se seu pet poderia ser um terapeuta, a resposta é sim. “Depois de estudar sobre tudo isso, sabe em qual conclusão chegamos? Animais são tudo de bom. Independente de tamanho, raça e espécie”, conta Reginaldo.
Cães terapeutas da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
Batizados de Mel e o Duke, os cães terapeutas da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Rio Preto passaram por um treinamento e processo adestramento. Reginaldo trabalhou durante 18 meses com os animais para começar a terapia com os pequenos.
Os cachorros participam de atividades individuais e em grupo, atuando nas três áreas das Intervenções Assistidas por Animais: Terapia Assistida por Animais, Educação Assistida por Animais e Atividades Assistidas por Animais.
Mel e Duke trabalham na associação de segunda, quarta e sexta-feira. Os outros dias são destinados ao descanso dos animais.
O método pode ser realizado em quais tipos de pacientes?
- Pessoas autista: melhora o contato social e diminui a agressividade, a alienação e o isolamento;
- Portadores de Síndrome de Down: melhora no desenvolvimento e nas habilidades, pois ao estarem em um ambiente lúdico junto com os animais, as crianças fazem os exercícios e atividades necessárias de forma natural e prazerosa;
- Problemas cognitivos: melhora o pensamento, linguagem, raciocínio, memória, atenção, percepção e imaginação;
- Problemas fonaudiológicos: ajudam na dicção e estimulam a fala;
- Problemas motores como atrofias musculares, paralisias;
- Déficits sensoriais em pessoas cegas e surdas, por exemplo.
A equipe deve estar apta para dar resposta nas seguintes situações
- Doença mental (demências, Alzheimer, Parkinson, psicoses, esquizofrenia e depressão);
- Deficiência mental, motora e multideficiência (paralisia cerebral, Síndrome de Down e perturbações do espectro do autismo);
- Obesidade (programa complementar ao combate da obesidade);
- Geriatria (estimulação cognitiva e combate à solidão/isolamento);
- Dificuldades de aprendizagem (apoio à leitura e/ou à escrita, dislexia, discalculia, disortografia, disgrafia e perturbação de hiperatividade).
*Colaborou com supervisão de Renato Pavarino – G1