qua, 16 de abril de 2025

Cães ‘terapeutas’ ajudam no tratamento de pessoas com deficiência no interior de SP

Método pode ensinar muito em diferentes aspectos, no entanto, só deve ser executado com os pequenos que aceitam bem a presença de animais, respeitando todos os limites

O cão é considerado o melhor amigo do homem, mas também é um excelente aliado em terapias que visam melhorar o desenvolvimento de pessoas com deficiência.

Em São José do Rio Preto (SP), o adestrador de cachorros e equitador de equoterapia Reginaldo Almeida Júnior utiliza há seis anos a Intervenção Assistida por Animais (IAA) para ajudar alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).

De acordo com Reginaldo, os cães são, sem dúvida, os preferidos para os diversos tipos de terapia, exatamente por serem altamente sociáveis, fáceis de adestrar e aceitos pelas pessoas.

Contudo, ao contrário do que muita gente pensa, não basta apenas deixar o animal interagindo com os pacientes para que a intervenção seja efetiva. “O cão deve estar sempre acompanhado pelo adestrador, além do profissional responsável pela pessoa que está sendo tratada”, afirma.

A terapia pode ensinar muito em diferentes aspectos, no entanto, só deve ser executada com os pequenos que aceitam bem a presença de animais, respeitando todos os limites.

“A convivência das crianças excepcionais com os cães pode ajudar muito na questão da interação social, além de incentivar os pequenos a lidar com responsabilidades e influenciar a superação de seus limites”, explica o adestrador.

De acordo com Reginaldo, o simples fato de um cão andar ao lado de um pequeno excepcional já pode ajudá-lo a ter uma orientação melhor de direção, colaborando com a evolução da coordenação motora. O senso de responsabilidade e a sociabilidade são outros fatores igualmente beneficiados pela terapia com cães.

“O fato de a criança poder interagir com os cães facilita o entendimento de responsabilidade, pois é possível incentivá-los a realizar tarefas: dar comida e ter cuidados especiais com os animais, por exemplo”, diz.

Benefícios dos cães para crianças com Síndrome de Down

Se os animais já colaboram com a motivação, no caso dos excepcionais, a ajuda pode ser ainda maior, pois a convivência social e a coordenação motora das crianças portadoras de Síndrome de Down, podem evoluir bastante com as terapias que têm os cachorros como base.

Segundo Reginaldo, a superação de limites é outro fator importante e benéfico do método, já que, ao interagir com os cães, as crianças acabam se esforçando mais para acompanhá-los e realizar tarefas em conjunto, ações que, consequentemente, levam os portadores da síndrome a ultrapassar barreiras de uma maneira natural.

“É importante lembrar que, da mesma forma que os pequenos com fobia de animais não devem ser forçados a terapias desse tipo, todos os cachorros que forem trabalhar em projetos terapêuticos devem ser extremamente treinados e dóceis”, diz Reginaldo.

Quais raças são ideais para as intervenções?

Atualmente, não há restrição de raça e muito menos de espécie. Já se sabe de cães, gatos, cavalos, golfinhos, jabutis, peixes, coelhos e aves terapeutas.

Segundo Reginaldo, a escolha vai depender das necessidades e objetivos da terapia. Sem contar que o animal precisa gostar da atividade. Um animal de temperamento anti-social nunca ficará confortável nas sessões, provocando estresse e deixando de gerar o efeito terapêutico em quem precisa.

E se você está se perguntando se seu pet poderia ser um terapeuta, a resposta é sim. “Depois de estudar sobre tudo isso, sabe em qual conclusão chegamos? Animais são tudo de bom. Independente de tamanho, raça e espécie”, conta Reginaldo.

Cães terapeutas da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais

Batizados de Mel e o Duke, os cães terapeutas da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Rio Preto passaram por um treinamento e processo adestramento. Reginaldo trabalhou durante 18 meses com os animais para começar a terapia com os pequenos.

Os cachorros participam de atividades individuais e em grupo, atuando nas três áreas das Intervenções Assistidas por Animais: Terapia Assistida por Animais, Educação Assistida por Animais e Atividades Assistidas por Animais.

Mel e Duke trabalham na associação de segunda, quarta e sexta-feira. Os outros dias são destinados ao descanso dos animais.

O método pode ser realizado em quais tipos de pacientes?

  • Pessoas autista: melhora o contato social e diminui a agressividade, a alienação e o isolamento;
  • Portadores de Síndrome de Down: melhora no desenvolvimento e nas habilidades, pois ao estarem em um ambiente lúdico junto com os animais, as crianças fazem os exercícios e atividades necessárias de forma natural e prazerosa;
  • Problemas cognitivos: melhora o pensamento, linguagem, raciocínio, memória, atenção, percepção e imaginação;
  • Problemas fonaudiológicos: ajudam na dicção e estimulam a fala;
  • Problemas motores como atrofias musculares, paralisias;
  • Déficits sensoriais em pessoas cegas e surdas, por exemplo.

A equipe deve estar apta para dar resposta nas seguintes situações

  • Doença mental (demências, Alzheimer, Parkinson, psicoses, esquizofrenia e depressão);
  • Deficiência mental, motora e multideficiência (paralisia cerebral, Síndrome de Down e perturbações do espectro do autismo);
  • Obesidade (programa complementar ao combate da obesidade);
  • Geriatria (estimulação cognitiva e combate à solidão/isolamento);
  • Dificuldades de aprendizagem (apoio à leitura e/ou à escrita, dislexia, discalculia, disortografia, disgrafia e perturbação de hiperatividade).

*Colaborou com supervisão de Renato Pavarino – G1

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