qui, 16 de janeiro de 2025

Audiência sobre pedágio em rodovias da região de Rio Preto vira polêmica

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A prefeita de Barretos, Paula Lemos (DEM), disse que a região é uma das que menos receberam investimentos em estradas nos últimos anos e que o Estado deve rever os pedágios previstos no entorno da cidade

A primeira audiência na região sobre o pacote de concessão de rodovias do Noroeste Paulista com cobranças de pedágios, realizada em Barretos, nesta segunda-feira, 25, virou polêmica entre prefeitas, prefeitos, vereadores e pessoas contrárias às tarifas.

O debate, coordenado pelo diretor-geral da Artesp, Milton Roberto Persoli, apresentou a proposta do governo de São Paulo, de João Doria (PSDB), para privatizar trechos da região de Rio Preto, Olímpia e Barretos, atualmente, administrados pelo Estado.

O pacote prevê 10 novas praças de pedágios no Estado, em novos contratos para os próximos 30 anos. Na região de Rio Preto, serão sete novas praças de pedágios nas cidades de Cedral, Guapiaçu, José Bonifácio, Monte Azul e três na região de Barretos.

As novas concessões e renovações pretendem entregar para a iniciativa privada 1.022 quilômetros de estradas que cortam 49 cidades. A previsão do Estado é de que as concessões injetem R$ 11,9 bilhões de investimos.

Na região de Barretos, segundo o projeto, haverá quatro novos pontos de cobrança – rodovia Assis Chateaubriand (SP-425), entre Rio Preto e Olímpia, na divisa de Olímpia com Barretos e entre Barretos e Guaíra, além de outra praça de cobrança entre Barretos e Colômbia, na rodovia Brigadeiro Faria Lima (SP-326).

“Sabemos que perdemos muitas vidas. É nítida a necessidade de duplicações para resguardar vidas e pelo desenvolvimento regional. Mas não é cabível colocar o pedágio primeiro para depois duplicar”, criticou a prefeita de Barretos, Paula Lemos (DEM).

A prefeita disse que a região é uma das que menos receberam investimentos em estradas nos últimos anos e que o Estado deve rever os pedágios previstos no entorno da cidade. “Com menos de 50 quilômetros (de obras de duplicações previstas) entendemos que não deve sequer pensar em pedágio”, disse a prefeita.

“Tem pessoas que diariamente usam essas rodovias. É preciso pensar uma forma para que essas pessoas não sejam penalizadas”, completou.

Na região de Barretos, há uma praça de pedágio em Colina, na rodovia Brigadeiro Faria Lima (SP-326), que liga Barretos à rodovia Anhanguera (SP-330), com cobrança de R$ 10,10 por eixo.

Pedágio que o prefeito de Colina, Dieb Taha (PSDB), afirma ser um transtorno. “O que estamos passando é muito preocupante. Temos três vicinais em Colina que pessoas usam 24 horas tentando desviar dos pedágios da Faria Lima (rodovia)”, disse.

“Nós dependemos dessa rodovia e esse transtorno está acontecendo na nossa cidade. Valor totalmente inadequado”, ressaltou. A cobrança proposta pelo governo do Estado também foi criticada por cidadãos que utilizam as estradas para trabalharem na região.

“Todas essas rodovias que vocês disseram que vão colocar pedágio eu passo para trabalhar. Desse jeito o salário vai para pagar pedágio. O que pode ser feito?”, questionou um morador da região.

O deputado Sebastião Santos (Republicanos) reforçou que a região de Barretos necessita de investimentos, mas também criticou as cobranças de pedágios. “Muitas pessoas que vem fazer tratamento de Câncer e pagam pedágios caríssimos. Essa região precisa de investimentos. Que Barretos e região tenha essa alça atendida porque os impostos aqui ajudaram muitas outras regiões”, afirmou durante audiência.

O prefeito de Olímpia, Fernando Cunha (PSD), defendeu o programa e disse que é necessário investimentos. “Temos que olhar para os próximos 30 anos, não podemos olhar no retrovisor. Cabe a nós discutir as condições (das concessões)”, afirmou.

O debate também contou a presença do deputado federal da região Geninho Zuliani (DEM). “O que o governo está propondo é uma renovação com ampliação de serviços. Um caráter técnico, sem levar em consideração político”, afirmou. O diretor-geral da Artesp disse que as propostas não são definitivas e completou: “Asontribuições que farão parte do projeto final, não serão desconsideradas”.

Outras praças

No trecho da rodovia Washington Luís (SP-310), o programa prevê uma praça de pedágio próximo à base da Polícia Rodoviária de Cedral, depois da primeira entrada para a cidade, sentido Rio Preto – Catanduva. Outra praça de pedágio será instalada na rodovia Armando Salles de Oliveira (SP-322), entre Cajobi e Monte Azul Paulista. Ainda na região de Rio Preto, terá pedágio na rodovia Assis Chateaubriand na altura de José Bonifácio.

Investimentos

Na região de Barretos, a previsão do programa é investir R$ 3 bilhões. Do total, R$ 547 milhões para duplicar 102 quilômetros R$ 62 milhões para como alças de acessos. As duplicações incluem trechos da rodovia Armando Salles de Oliveira (SP-322) entre Olímpia e Bebedouro e trecho da Assis Chateaubriand entre Barretos e Guaíra, além da duplicação da rodovia Brigadeiro Faria Lima (SP-326), entre Colômbia e Barretos.

De José Bonifácio até a divisa com Presidente prudente, na Assis Chateaubriand, serão R$ 2 bilhões para obras, sendo em R$ 392 milhões para 72 quilômetros de duplicações. Para região de Rio Preto, segundo o pacote, será R$ 3,5 bilhões. Entre as obras, a construção da 3ª faixa da rodovia Washington Luís (SP-310), entre Mirassol e Cedral, construção de três novas passarelas, com custo de R$ 551 milhões.

Os investimentos incluem R$ 176 milhões para duplicação de 33 quilômetros da rodovia Assis Chateaubriand, entre Rio Preto e Olímpia – atualmente, a estrada tem duplicação até Guapiaçu.

Francela Pinheiro – diarioweb.com.br