Adolescente com ‘coluna em S’ cresce 9 centímetros após cirurgia de correção

Família viajou do Rio Branco (AC) para São José do Rio Preto (SP) para fazer o procedimento de forma gratuita no começo de junho no HCM. Bianca Furtado de Lima foi diagnosticada com Escoliose Idiopática Infantil, sem causa aparente, aos 9 anos. ‘Junho Verde’ é o mês dedicado à conscientização mundial da condição

Uma estudante, de 12 anos, que estava com a “coluna em S”, que tem mais de 100 graus de curvaturacresceu nove centímetros ao colocar 27 pinos na cirurgia de correção. Família viajou do Rio Branco (AC) para São José do Rio Preto (SP) para fazer o procedimento de forma gratuita no começo de junho no Hospital da Criança e Maternidade (HCM).

Junho Verde” é o mês dedicado à conscientização mundial da escoliose. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a escoliose acomete cerca de 2% da população mundial e, no Brasil, existem mais de seis milhões de pacientes diagnosticados.

Bianca Furtado de Lima foi diagnosticada com Escoliose Idiopática Infantil, sem causa aparente, aos nove anos, quando os pais perceberam que a menina estava com um ombro mais alto que o outro. Desde criança, ela enfrentava desafios físicos significativos devido à condição.

Em 2020, durante a pandemia, Bianca iniciou o tratamento com fisioterapia e uso de colete, mas notou que a curvatura aumentava. O que começou como uma leve inclinação logo se transformou em uma curvatura severa, afetando não apenas a postura, mas também capacidade dela de respirar e praticar atividades rotineiras.

Ao g1, a mãe da adolescente, Ana Flávia Furtado contou que foi recomendado há dois anos pelos médicos que Bianca fizesse a cirurgia, como única opção para impedir a progressão, já que a curvatura poderia comprometer órgãos, pulmão e coração. Contudo, a intervenção de alta complexidade não era oferecida no Acre.

Dessa forma, Ana Flávia revelou que precisou se mudar, mesmo que temporariamente para Rio Preto, com encaminhamento do “Tratamento Fora do Domicílio”, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Antes de passar pela cirurgia, Bianca ficou internada por um mês no hospital, ao ser submetida à colocação de um halo para “alongar” a coluna. No dia 10 de junho, a adolescente passou pela cirurgia para realinhamento com a equipe do HCM, que durou cerca de seis horas. “Ela já consegue caminhar, subir escadas, sentar, levantar. Após a cirurgia já melhorou a expansão pulmonar, porque o pulmão direito não estava expandindo adequadamente. Ficamos muito felizes”, celebra a mãe.

Em entrevista ao g1, o médico que operou a menina explicou que esta é uma cirurgia de risco, complexa e difícil no ramo da ortopedia. Ao mesmo tempo, de acordo com ele, não era possível que a coluna de Bianca permanecesse dessa forma (entenda abaixo).

À reportagem, o pai de Bianca, Emerson Barros de Lima, comentou que a filha entrou no centro cirúrgico às 6h30. O encontro com ela só ocorreu às 19h30. “Nós tivemos a graça de ver nossa filha bem, falando e conversando. Só temos a agradecer por tudo”, celebra o pai.

O resultado surpreendeu os pais, uma vez que Bianca já conseguiu andar após dois dias do procedimento, sem necessidade do uso de colete (assista ao vídeo no topo da reportagem). Após 17 dias, a recuperação, com fisioterapias, segundo a mãe, evolui de forma positiva. Depois da alta hospitalar, a família pôde retornar ao Acre.

Como funciona a cirurgia?

Cirurgia de correção da coluna foi feita pelo médico especialista Fabiano Nogueira em Rio Preto (SP) — Foto: Hospital da Criança e Maternidade/Divulgação

Cirurgia de correção da coluna foi feita pelo médico especialista Fabiano Nogueira em Rio Preto (SP) — Foto: Hospital da Criança e Maternidade/Divulgação.

O médico neurocirurgião especialista em cirurgia da coluna com ênfase em deformidades espinhais, Fabiano Nogueira, de 46 anos, explicou que, durante o procedimento em Bianca, foram utilizados parafusos implantados nas vértebras e hastes conectadas que permitiram as manobras de alinhamento e estabilização.

Conforme o médico, a cirurgia é uma solução definitiva e se faz necessário o acompanhamento médico contínuo para garantir a recuperação completa. Segundo a assessoria do HCM, o procedimento custa mais de R$ 100 mil e foi oferecido pelo SUS.

Com relação às causas, Fabiano reforçou que a escoliose idiopática não tem causa conhecida, mas apresenta fatores genéticos que contribuem para o desenvolvimento. Desde o diagnóstico, o médico pontuou que a curvatura aumentou gradualmente por quatro anos até atingir os 110º. Nesse período, ela passou por diversos tratamentos fisioterápicos e uso de colete, mas a progressão da curva foi muito agressiva devido ao início precoce e à fase do estirão do crescimento. A cirurgia foi necessária não apenas para interromper a progressão, mas também para prevenir complicações cardiopulmonares”, expõe o médico.

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