Adélio Bispo de Oliveira, autor do atentado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), continuará detido na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS) até, no mínimo, 2038. A decisão judicial estende sua custódia por mais 15 anos, considerando que ele está preso desde setembro de 2018, quando esfaqueou Bolsonaro durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG). É o que revela apuração do Metrópoles.
Apesar de ter sido considerado inimputável, Adélio cumpre internação de natureza penal em razão de transtornos mentais, já que não foi condenado. Com a nova decisão, passa a haver uma previsão de saída: quando completar 60 anos — hoje, ele tem 46. A medida leva em conta o limite legal de 20 anos de custódia para casos do tipo.
No entanto, o processo de execução da pena apresenta falhas. De acordo com o Sistema Eletrônico de Execução Unificado (SEEU), não há registro oficial do tempo já cumprido, constando apenas “tempo indeterminado”. Relatórios anexados indicam que, formalmente, nenhum dia foi contabilizado como pena efetivamente cumprida, o que levanta dúvidas sobre a regularidade do cumprimento da decisão judicial.
Adélio vive isolado em uma cela de 6 m² e tem recusado banhos de sol e medicamentos prescritos para seu transtorno delirante persistente. Segundo agentes penitenciários ouvidos pelo Metrópoles, ele afirma: “Não sou doido”, justificando a resistência ao tratamento. Informações sobre o estado de saúde de Bolsonaro, como cirurgias realizadas em decorrência da facada, chegaram a Adélio por fontes indiretas.
Desde que foi encarcerado, Adélio não recebeu visitas de familiares nos últimos 12 meses, não leu nenhum livro e evita contato com outros detentos. Os relatos de agentes indicam deterioração progressiva da saúde mental. Mesmo assim, não há previsão de sua transferência para outra unidade — a penitenciária de Campo Grande, apesar das limitações, é a que oferece a estrutura mais adequada para casos como o dele.
