Sem público e renda, circos desmontam picadeiros durante a pandemia

Em Votuporanga/SP, picadeiro foi desmontado há 25 dias e integrantes ficaram ‘ilhados’ na cidade; com avanço do coronavírus, artistas estão parados e contam com ajuda de doações da população.

Foi com casa cheia e aproximadamente 400 pessoas nas arquibancadas que o Circo Encantado estreou em Votuporanga/SP há um mês. Teve malabarismo, palhaçadas, truques de mágica e trapezista. Uma semana depois, tudo mudou. O picadeiro precisou ser desmontado e os espetáculos tiveram que parar por conta da pandemia do coronavírus. O nome encantado se perdeu em meio à pandemia que assolou o país.

Na tarde quente desta segunda-feira (13), o palhaço Parafuso não estava pronto para o espetáculo como nos dias anteriores. Teve que mudar de figura e encarar a realidade no desmancho das lonas do circo. Sem show, o picadeiro foi desmontado e as tradicionais palmas das arquibancadas deu lugar ao silêncio ensurdecedor sobre um futuro incerto.

Impedidos de fazer espetáculo e de ir para outras localidades, por conta do medo do avanço do coronavírus pelo interior de São Paulo, o que restou foi ficar em Votuporanga. A ajuda de moradores e da própria assistência social da cidade é o que mantêm o grupo no município. Mesmo sem saber, quando reunir 400 pessoas em um mesmo local poderá voltar a ocorrer no Brasil.

James Willy Robanit, 41 anos, vê isso de perto desde do dia 17 março, quando a Prefeitura de Votuporanga pediu para o circo encerrar as atividades na cidade. Ele é o palhaço Parafuso, que deixou o nariz vermelho de lado durante a quarentena para desatar os nós e afrouxar as cordas da estrutura junto aos outros funcionários. “Nós desmontamos no intuito de resguardar a estrutura do circo”, afirmou.

Assim, como ele outros milhares de circos pelo país também tiveram que encerrar as atividades com a pandemia. A renda fixa vinda da bilheteria foi suspensa e a solidariedade da população é que mantêm os artistas pelo país. “Chegamos em Votuporanga no dia 8 de março. Estávamos trabalhando quando veio a Prefeitura no dia 17 de março e deu por encerrado as atividades por conta do coronavírus. Inclusive, o terreno que estamos é particular, estávamos pagando aluguel, mas fui até a proprietária que entendeu a situação”, contou James.

Dos 30 funcionários, dez voltaram para casa fixa durante a quarentena. Os outros 20 permanecem nas casas móveis instaladas em Votuporanga. A maioria deles são da mesma família e nascerem no circo, mas não pretendem parar as atividades circenses. “Quando tudo voltar ao normal. Pretendemos reinaugurar o circo em Votuporanga. Queremos fazer um espetáculo gratuito para a população e no decorrer do espetáculo arrecadar alguma coisa para conseguir inaugurar em outra cidade, já que precisamos do dinheiro daqui para pagar as despesas da próxima cidade que vamos se instalar”, falou James.

Por autuarem na informalidade, os integrantes já se cadastraram para tentar o benefício R$ 600 concedido pelo governo federal. “Nós fizemos o cadastro e estamos olhando todo dia, mas até agora está em análise”. Enquanto isso, o grupo permanece se mantendo com ajuda da população de Votuporanga.

FONTE: Informações | diariodaregiao.com.br / Rone Carvalho

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