Coragem e muita fé: Grupo de peregrinos de Nhandeara percorre mais de 300 quilômetros até Aparecida

Um grupo de cinco pessoas saiu de Nhandeara (SP) com destino ao caminho da fé rumo a Aparecida (SP). Ao longo da viagem, que durou onze dias, eles percorreram o total de 320 quilômetros caminhando por estradas rurais em regiões de montanhas, ruas e avenidas.

Um grupo de cinco pessoas saiu de Nhandeara (SP) com destino ao caminho da fé rumo a Aparecida (SP). Ao longo da viagem, que durou onze dias, o grupo percorreu o total de 320 quilômetros caminhando por estradas rurais em regiões de montanhas, ruas e avenidas.

Os peregrinos saíram de carro da cidade de origem e foram até Águas da Prata (SP). De lá, seguiram andando até Aparecida. No trajeto encontraram muitos obstáculos, principalmente por estarem em uma região de montanhas em estradas rurais. O caminho foi feito com apoio do guia Vivaldo Ribeiro. Parte do percurso passou pelo estado de Minas Gerais (MG), com direito a paisagens e cenários inesquecíveis.

Em entrevista ao g1, o engenheiro de software Jailton Viçozo fez o caminho da fé pela primeira vez. Durante o percurso, dois lugares chamaram a atenção dele e tornaram a experiência ainda mais inesquecível:

“O nascer do sol na região de Luminosa (MG), no topo da serra, onde Deus nos presenteou com uma neblina por todo o vale e o sol nascendo, ficou muito bonita a paisagem. O outro local foi no último dia, descendo a região de Pedrinhas (SP), onde foi possível ver as nuvens por cima, por conta da altitude. Foram esses dois pontos que a natureza de Deus nos presenteou com belas imagens que ficarão guardadas”, conta.

O cajado foi o apoio que eles encontraram para superar os limites do corpo, vencer as adversidades e os obstáculos pelo caminho. Roupas especiais também foram usadas para auxiliar na proteção ao sol, que era intenso principalmente nos horários mais críticos do dia.

A coragem, a determinação e a garra também os auxiliaram a vencer as barreiras físicas do corpo. Em alguns momentos os peregrinos chegaram a questionar se realmente conseguiriam resistir, como explica Crissele Ozório, educadora física:

“O desgaste físico para mim é um dos principais desafios. São muitos quilômetros percorridos por dia. Tem dias que a sensação é de que não vamos conseguir completar o percurso”.

Crissele fez o caminho da fé pela segunda vez e reconhece que a experiência é única e especial. O objetivo dela, neste ano, era agradecer por ter saúde, trabalho e poder viver de forma digna.

“A experiência vivida me ajudou a dar uma virada de chave na minha vida; em tudo que pedi naquele ano (2023), fui atendida. Esse ano (2024) fui agradecer por todas as graças alcançadas. O caminho transforma, basta a pessoa ir com um propósito, seja ele qual for. Algum pedido, autoconhecimento. É algo que te faz olhar mais para dentro de si. Resumindo o caminho é transformador”, finalizou Ozório.

Pontos de parada

Ao final do percurso, a emoção de estar na Catedral Basílica de Nossa Senhora Aparecida se transformou em lagrimas para a comerciante, Rita Ferreira.

Ela fez o caminho da fé pela segunda vez e pretende cumprir o desafio em outras situações. A ideia é realizar o percurso em menos dias e incluir a bicicleta, uma das paixões dela, como aliada.

Rita sempre foi devota a nossa Senhora Aparecida e diz que, graças à fé e a coragem, conseguiu realizar muitos dos sonhos almejados ao longo da vida. Para ela, não há nada que pague a sensação que sentiu ao chegar à igreja. “Sentir uma fé viva dentro de você. Que todo esforço, todas as dores, que tudo valeu muito a pena. É você sentir vitorioso e agradecido por ter chegado, se desligar desse mundo louco e sentir seu corpo e mente trabalhando juntos, sentir a grandeza da natureza, saber o quanto Deus e a natureza é incrível”, conta Rita.

Como uma das lembranças materiais, Rita trouxe um mapa com os principais pontos por que passou ao longo do caminho da fé e também um atestado de peregrinação que guarda com muito carinho.

“Esse ano foi muito diferente, foi um ano de superação muito grande, principalmente superação física. Um trabalho mental muito grande. Com tudo isso, me tornei mais forte mental e espiritualmente; o caminho é modificado, ele transforma a vida das pessoas”, finalizou Rita.

Williner Leal, professor e morador de Mirassol (SP), também relatou à TV TEM os momentos que viveu ao realizar o desafio de bicicleta. Para ele o que mais marcou foi ouvir história de outros fieis, Pessoas que dão a vida para estar em Aparecida.

“Pessoas que foram atrás da cura do câncer para um familiar. Conheci um homem que estava pedalando com uma perna. Eu acho que isso me deixou mais forte. Vim para casa com o coração cheio de alegria e de gratidão.”

Williner pretende fazer o caminho da fé em outubro e uma das metas não é só cumprir o percurso, mas também se conectar e viver cada uma das emoções sentidas ao longo do caminho.

Rota

Histórias de fé e devoção não faltam entre os moradores da região noroeste do estado de São Paulo. Peregrinos que moram em São José do Rio Preto (SP), que já fizeram o percurso, decidiram que neste ano querem encarrar o desafio de forma mais intensa. Eles pretendem percorrer cerca de 900 quilômetros a pé, até o santuário de Aparecida.

Jorge Paulino, encarregado administrativo, diz que já fez o caminho da fé no ano passado, tendo como ponto de partida Águas da Prata.

Neste ano, a meta é repetir a peregrinação, mas desta vez saindo de Rio Preto.

“Esse ramal São José, eu estou mentalizando. Eu dependo de algumas coisas se acertarem para eu conseguir realizar esse sonho, com muita fé em Nossa Senhora Aparecida”, conta Jorge.

A rota do caminho da fé foi criada em 2013, com o objetivo de auxiliar os peregrinos e dar mais segurança, estrutura e informação ao longo do trajeto.

A Igreja Basílica de São José do Rio Preto é o ponto de partida do ramal mais novo e também o mais extenso. Foi de lá que o comerciante Lucidio Bertoco saiu de bicicleta e uma das 18 vezes que pedalou até Aparecida. “Cada vez é uma emoção nova. Por isso que o caminho tem uma espiritualidade inimaginável. O caminho te leva. É diferenciado. É isso que motiva a gente a ir cada vez mais”, explica Bertoco.

Lucidio guarda com muito amor as camisetas que usou durante todos os anos que fez o caminho. Os anos de fé e devoção renderam ao comerciante uma página no livro em comemoração às duas décadas de criação do caminho da fé, rota que ele não pretende deixar de lado.

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